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Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, 17/05/2024

17 de Maio de 2024

O Batismo e a oração

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O Batismo e a oração

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08/01/2016 18:36 - Atualizado em 08/01/2016 18:36

O Batismo e a oração 0

08/01/2016 18:36 - Atualizado em 08/01/2016 18:36

O Tempo Comum se inicia com a celebração da Solenidade do Batismo do Senhor. Por meio dessa, a Igreja recorda o evento que prepara e inaugura o ministério público de Cristo. Os três evangelistas sinóticos relatam o momento em que Jesus se apresenta para ser mergulhado nas águas do rio Jordão por João Batista (cf. Mc 1,9-11; Mt 3,13-17; Lc 3,21-22), e o Evangelho de João testemunha a unção do Espírito Santo recebida por Ele (cf. Jo 1,29-34). O texto de Lucas, proclamado este ano na liturgia da Palavra da Santa Missa, retrata uma peculiaridade que nos permite penetrar ainda mais profundamente no sentido teológico daquele evento batismal: a oração de Jesus.

De fato, o Evangelho de Lucas escreve sobre o evento: “e no momento em que Jesus, também batizado, achava-se em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo, desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho: eu hoje te gerei!”. Após o seu batismo no rio Jordão, o Senhor entra em oração e é respondido pelo Pai com a abertura do céu, à vinda do Espírito Santo sobre Ele e a revelação da sua identidade de Filho de Deus. O Evangelho de Lucas tem um apreço grande pelo tema da oração de Jesus, mostrando-o em diálogo com Deus Pai nas grandes etapas de seu ministério (cf. Lc 5,16; 6,12; 9,18.28-29; 11,1-2; 24,51). Na verdade, encontramos nas páginas desse livro bíblico uma verdadeira catequese sobre a oração. Provavelmente, tal catequese era uma resposta ao desejo dos novos discípulos de aprender a rezar e de conhecer a novidade da prece cristã. Esse desejo de experimentar o próprio da oração de Cristo aparece transposto no pedido feito pelos apóstolos a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar, como João Batista ensinou aos seus discípulos” (Lc 11,1).

A possibilidade de rezarmos como Jesus rezou está ligada ao nosso batismo. Existe uma relação tipológica entre o acontecimento no Jordão e as celebrações batismais da Igreja. O próprio João Batista profetizou: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3,16). Na celebração do nosso batismo, recebemos a unção do Divino Espírito que nos faz participar no múnus sacerdotal do Senhor: “Jesus Cristo é aqu’Ele a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu sacerdote, profeta e rei. [...] Ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo batismo, recebe-se a participação na vocação única deste povo, em sua vocação sacerdotal. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados para ser uma morada espiritual e um sacerdócio régio” (CIC 783-784).

A solenidade litúrgica do Batismo de Jesus coloca os cristãos em contato com o Batismo celebrado pela Igreja. No primeiro, a prece de Cristo abriu os céus, fez vir o Espírito e o Pai proclamou a identidade filial de Jesus. No segundo, graças à intercessão do Senhor, o céu continua se abrindo, o Espírito vindo em abundância e o Pai estendendo sua paternidade amorosa sobre os homens. Essa oração de intercessão de Jesus ao Pai pelos homens é a possibilidade dos cristãos se dirigirem também a Ele, invocando-o como “Pai nosso”. Toda a prece da Igreja e dos seus membros é uma participação no diálogo eterno do Filho com o Pai, proporcionado pelo dom do Espírito: “Não existe outro caminho da oração cristã senão Cristo; seja à nossa oração comunitária ou pessoal, vocal ou interior, ela só tem acesso ao Pai se orarmos ‘em nome’ de Jesus. A santa humanidade de Jesus é, portanto, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a orar a Deus, nosso Pai” (CIC 2664).


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O Batismo e a oração

08/01/2016 18:36 - Atualizado em 08/01/2016 18:36

O Tempo Comum se inicia com a celebração da Solenidade do Batismo do Senhor. Por meio dessa, a Igreja recorda o evento que prepara e inaugura o ministério público de Cristo. Os três evangelistas sinóticos relatam o momento em que Jesus se apresenta para ser mergulhado nas águas do rio Jordão por João Batista (cf. Mc 1,9-11; Mt 3,13-17; Lc 3,21-22), e o Evangelho de João testemunha a unção do Espírito Santo recebida por Ele (cf. Jo 1,29-34). O texto de Lucas, proclamado este ano na liturgia da Palavra da Santa Missa, retrata uma peculiaridade que nos permite penetrar ainda mais profundamente no sentido teológico daquele evento batismal: a oração de Jesus.

De fato, o Evangelho de Lucas escreve sobre o evento: “e no momento em que Jesus, também batizado, achava-se em oração, o céu se abriu e o Espírito Santo, desceu sobre ele em forma corporal, como pomba. E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho: eu hoje te gerei!”. Após o seu batismo no rio Jordão, o Senhor entra em oração e é respondido pelo Pai com a abertura do céu, à vinda do Espírito Santo sobre Ele e a revelação da sua identidade de Filho de Deus. O Evangelho de Lucas tem um apreço grande pelo tema da oração de Jesus, mostrando-o em diálogo com Deus Pai nas grandes etapas de seu ministério (cf. Lc 5,16; 6,12; 9,18.28-29; 11,1-2; 24,51). Na verdade, encontramos nas páginas desse livro bíblico uma verdadeira catequese sobre a oração. Provavelmente, tal catequese era uma resposta ao desejo dos novos discípulos de aprender a rezar e de conhecer a novidade da prece cristã. Esse desejo de experimentar o próprio da oração de Cristo aparece transposto no pedido feito pelos apóstolos a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar, como João Batista ensinou aos seus discípulos” (Lc 11,1).

A possibilidade de rezarmos como Jesus rezou está ligada ao nosso batismo. Existe uma relação tipológica entre o acontecimento no Jordão e as celebrações batismais da Igreja. O próprio João Batista profetizou: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3,16). Na celebração do nosso batismo, recebemos a unção do Divino Espírito que nos faz participar no múnus sacerdotal do Senhor: “Jesus Cristo é aqu’Ele a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu sacerdote, profeta e rei. [...] Ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo batismo, recebe-se a participação na vocação única deste povo, em sua vocação sacerdotal. Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são consagrados para ser uma morada espiritual e um sacerdócio régio” (CIC 783-784).

A solenidade litúrgica do Batismo de Jesus coloca os cristãos em contato com o Batismo celebrado pela Igreja. No primeiro, a prece de Cristo abriu os céus, fez vir o Espírito e o Pai proclamou a identidade filial de Jesus. No segundo, graças à intercessão do Senhor, o céu continua se abrindo, o Espírito vindo em abundância e o Pai estendendo sua paternidade amorosa sobre os homens. Essa oração de intercessão de Jesus ao Pai pelos homens é a possibilidade dos cristãos se dirigirem também a Ele, invocando-o como “Pai nosso”. Toda a prece da Igreja e dos seus membros é uma participação no diálogo eterno do Filho com o Pai, proporcionado pelo dom do Espírito: “Não existe outro caminho da oração cristã senão Cristo; seja à nossa oração comunitária ou pessoal, vocal ou interior, ela só tem acesso ao Pai se orarmos ‘em nome’ de Jesus. A santa humanidade de Jesus é, portanto, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a orar a Deus, nosso Pai” (CIC 2664).


Padre Vitor Gino Finelon
Autor

Padre Vitor Gino Finelon

Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida